As universidades portuguesas estão há muito na mira das principais tecnológicas nacionais e internacionais, quando a missão é atrair e reter talento nas suas equipas. O sector das tecnologias de informação é o mais dinâmico nas contratações e em Portugal parece seguir imune à crise. Esta semana dois gigantes da tecnologia anunciaram novas contratações. Para a Gfi vão entrar 1700 novos profissionais a nível mundial, 70 integrarão o escritório nacional da empresa. Já a Gatewit tem lugar para 60 novos colaboradores.
Ao contrário de uma boa parte das empresas portuguesas ou com operações em território nacional, quer a Gfi quer a Gatewit estão em rota de expansão. A primeira precisa de contratar rapidamente 1700 novos quadros para fazer face ao crescente número de projetos que tem vindo a conquistar a nível mundial. A segunda figura na lista das tecnológicas que mais cresceram na região da Europa Médio Oriente e África (EMEA), de acordo com o Deloitte Technology Fast 500 EMEA 2012. O crescimento de 1026% que registou no ano passado valeu-lhe o 106º lugar no ranking e sustenta agora a necessidade de contratar para solo nacional 60 novos quadros.
Dos 1700 recrutamentos anunciados esta semana pela consultora de tecnologias de informação Gfi, só 70 integrarão a equipa nacional da empresa. Mas Tiago Dias, responsável de recrutamento da tecnológica em território nacional, admite que além destes, possam vir a ser contratados em solo luso mais 20 especialistas em tecnologias de informação cujo destino será reforçar as equipas da Bélgica/ Luxemburgo. “A dimensão do grupo, o crescente investimento em novas tecnologias e uma situação financeira saudável” têm segundo o líder permitido a prossecução de uma estratégia de crescimento sustentável da empresa, quer em receitas quer em rentabilidade. Mas Tiago Dias destaca também “a forte política de aquisições que tem vindo a ser desenvolvida, com vista à diversificação da oferta de serviços de TI, software, ERP e consultoria”.
O processo de recrutamento agora em curso tem um prazo de execução que se deverá prolongar até ao final do ano. Das 1700 contratações, cerca de 1300 têm como destino os 40 escritórios do grupo Gfi em França, 330 terão oportunidade de trabalhar em geografias tão diversas como Marrocos, Espanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, onde a Gfi conta já com contratações sólidas.
Na mira da empresa estão programadores, consultores de infraestruturas e arquitetos de software, com diferentes níveis de experiência, formação superior e muita “robustez técnica”. Júniores ou seniores, Tiago Dias garante que ninguém fica de fora nesta missão de contratação onde a seleção dos candidatos será assegurada pela equipa de Atração de Talento da tecnológica, em conjunto com gestores e especialistas técnicos, a partir das candidaturas realizadas no sítio online da empresa. “Os candidatos selecionados serão integrados em equipas de consultoria de sistemas de informação e outsourcing que representam polos de competências tecnológicas distintas como a Microsoft, Oracle, EMC, Sage”, explica o responsável adiantando contudo que “a mobilidade internacional é um aspeto cada vez mais valorizado na Gfi”.
Postura semelhante tem a tecnológica Gatewit. A empresa contratou 50 novos colaboradores no último ano e em 2013 quer ir mais além nos números. A aposta crescente na internacionalização está a revelar-se uma receita de sucesso para a empresa que sempre teve os olhos postos nas universidades nacionais e no talento tecnológico que estas são capazes de produzir.
Num processo de deteção de talento liderado por Carla Carvalho, diretora de recursos humanos da Gatewit, a tecnológica tem 60 vagas abertas para preencher, em áreas tão diversas como os sistemas de informação, marketing, qualidade e consultoria. Em paralelo, a tecnológica tem também oportunidades disponíveis na sua área comercial.
Carla Carvalho não estabelece padrões para os colaboradores a contratar. Entre o público-alvo deste processo de recrutamento estão “perfis com ou sem experiência, pessoas com espírito empreendedor, gosto pelo trabalho em equipa, flexibilidade e capacidade de dedicação, interesse por questões relacionadas com a responsabilidade social e ambiental, domínio de inglês e espanhol. Pessoas que se atrevem a concretizar as respostas mais difíceis e ao mesmo tempo ansiosas por encontrar as suas próprias soluções”, explica.
A diretora de recursos humanos justifica a expansão da empresa com um crescimento em contraciclo, mas também “um aumento da procura de soluções que permitem obter poupanças e reduzir custos com as da Gatewit” mas adianta que a tecnológica sempre teve tradição em acolher novos profissionais, sobretudo entre os mais juniores.
Priorizando fortemente as capacidades técnicas e a partilha do quadro de valores da organização, a Gatewit seleciona anualmente, através da sua Talent Academy, cerca de 50 novos talentos, num processo anual que contempla cinco etapas distintas: envio de CV para a empresa através do seu sítio online ou em feiras de emprego, análise de candidaturas, entrevista telefónica, entrevista de grupo com aplicação de testes técnicos, entrevista de grupo com aplicação de testes comportamentais e entrevista individual. “Cerca de 90% dos candidatos selecionados permanecem na empresa”, garante Carla Carvalho que adianta que este modelo é sobretudo aplicado na seleção de perfis mais jovens. “No caso de quadros seniores, não existem as entrevistas em grupo e utilizam-se outras ferramentas como os assessment centers.
De acordo com o índice da Deloitte, a edição 2013 do ranking das tecnológicas recebeu mais de 1100 candidaturas. Portugal foi um dos países com maior taxa de crescimento no número de empresas presentes no ranking, demonstrando que o sector nacional das TI goza de boa saúde e uma dinâmica que contraria a conjuntura nacional.
Fonte: expresso emprego